Literatura de cordel, hoje pouco divulgada e muito criticada e esquecida pelos grupos modernistas, mas por muito tempo foi o principal meio de entretimento das famílias. Histórias de heróis eram contadas em versos, e seus contadores colocavam emoção na voz e conseguiam fidelizar seu público. Meu avô materno era cordelista, parte do sustento de sua família era ganho através do som de sua viola e de sua voz. Mas a família não esqueceu a cultura, tem uma neta que é cordelista e e acultura nunca morrerá.
O cordelista faz a poesia na hora sem precisar ensaios, vou narrar alguns casos.
Um cantador de viola voltava de uma cantoria, e ao passar em frente a um cemitério, parou e fez esse verso.
Meia noite ao cemitério
Onde não mora ninguém
O mocho passa voando
E a sombra da brisa vem
Por cima das catacumbas
De quem já viveu também
Existiam também os desafios, e muitas vezes um violeiro tinha muito conhecimento e seu parceiro de noite nem tanto. Em uma cantoria, pediram um mote sobre a vida de Jesus Cristo, um menos provido de conhecimento em determinado momento se aperreou e mando essa pérola.
Jesus Cristo andou no mundo
Pra acabar com as injustiças
Andou por aí rodando
Quando foi com trinta anos
Sentou praça na polícia
Minha esposa estava no hospital do coração em Messejana para marcar uma consulta para meu pai, com fome cansada, e de repente apareceu um vendedor de livros, come é comum insistiu bastante para ela comprar, mas ele estava sem dinheiro. Comentei em tom de brincadeira, por que não mandou ele vender na praia? E ela respondeu: Precisamos ter humildade, quando Jesus voltar, pode vir transformado em uma pessoa, num vendedor de livro? Sorri e depois escrevi.
Vi sol e via a lua
No espaço sideral
Vi o bem vencer o mal
Pra alegria minha e sua
Não vi menino rua
Vi brincando no quintal
Vi cântico na pastoral
Anunciando um Deus vivo
Vi Jesus vendendo livro
Na porta de um hospital
Viva o cordel, e que essa cultura nunca caia no esquecimento,
A.L.Bezerra
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